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(ANS – Paris) – Pode alguém ser a um só tempo ‘Clown’ (palhaço) e Sacerdote? Foi a pergunta feita ao P. Daniel Federspiel, Inspetor da França-Bélgica Sul, que tornou as suas capacidades mímicas e circenses uma sua característica peculiar e um instrumento de apostolado.
O jovem Daniel era muito tímido, mas um dia se apaixonou pelo teatro. Nesse contexto, através de várias circunstâncias, logo aprendeu a fazer de ‘clown’, de palhaço. Até o dia em que, antes de entrar para o noviciado, pensou que a vida religiosa e a de palhaço eram inconciliáveis. E abandonou tudo: humorismo, ilusionismo...
Mas no noviciado fez uma descoberta: “Um dia topei com um livro em que se dizia: ‘os mágicos têm um santo protetor: São João Bosco’. Logo pensei em falar disso com o Mestre (dos Noviços), que me disse: «Foi uma pena V. ter abandonado tudo... Devia ter continuado!»”. Foi assim que o jovem Daniel retomou a sua antiga paixão, exercitando-a entre os religiosos e nos grandes encontros. Até o momento da ordenação e do encontro com o Cardeal Albert Decourtray, então Arcebispo de Lião.
“Continuará a fazer de palhaço também depois de ordenado?” – perguntou o Cardeal. “Não sei! Que acha V. Emcia.? – respondeu o jovem salesiano. “Preparemos a celebração!” – foi a única resposta. Depois, durante a celebração, com grande surpresa de todos, o Cardeal disse: “Eu o envio como palhaço para o meio dos sacerdotes e como sacerdote para o meio dos palhaços”.
Naquele tempo o P. Federspiel fazia de palhaço, mas não era um profissional. Empenhou-se a fundo por sê-lo; e tendo sido enviado a Nice, foi convidado por um salesiano a inscrever-se num clube de mágicos. Conheceu assim a Guido Giacomelli, ‘clown’ de profissão, 74 anos, sem filhos, e que tinha perdido o colega. Foi assim que Daniel lhe foi aluno durante seis anos. “Ensinou-me a ver o mundo como palhaço – raconta o salesiano –. Não se é palhaço: devemos tornar-nos tal”.
“O ‘clown’ é uma figura do Evangelho – acrescenta –. Ser ‘clown’ é um modo de absorver o que há no mundo; assimilá-lo; e transformá-lo em gozosa alegria. Há qualquer coisa de Cristo naquilo que faz: algo como carregar o sofrimento dos outros para transformá-lo. Transformá-lo gradualmente em ressurreição. Em alegria. De quanto é débil, delicadoe pobre, ele faz poesia, faz algo belo. Onde os outros vêem dificuldade, falência... o palhaço vê esperança”.
Poderia parecer algo mágico. Mas o P. Federspiel nega: “Não! Porque a magia faz pensar num poder. A ilusão, ao contrário, é semelhante à Fé em Deus: faz ver aquilo que parece verdadeiro. Mas ao mesmo tempo a verdade não é revelada dessa forma. Permanece escondida. A ilusão se aproxima da fé no sentido que quando um pensa ter descoberto onde está Deus, Ele está sempre muito além da nossa compreensão. Cada vez é diferente”.
No sítio da revista salesiana Don Bosco Aujourd’hui está disponível, em francês, uma versão mais ampla da ‘notícia’.
Publicado em 13/03/2014