As Missões Salesianas pedem auxílios humanitários e um campo de refugiados das Nações Unidas, em Duékoué, doutra forma “se acabará numa epidemia de cólera”. Insegurança, falta de alimentos, escassez de água potável e remédios: esta a realidade cotidiana da Missão salesiana Santa Teresa do Menino Jesus, em Duékoué.
“Mais de 30.000 pessoas vieram à missão, a qual plenamente cheia poderia sediar, no máximo, 8.000 pessoas EM PÉ. Não há comida, as pessoas dormem no chão, não há lugar para abrigar-se. Faltam instalações higiênicas e chuveiros. E não se dispõe de água potável” – conta, testemunha impotente, o P. Vicente Grupeli, sacerdote salesiano.
As Missões Salesianas fazem um apelo às Agências internacionais para que cheguem auxílios para a população e para que se implante um campo de refugiados que satisfaça aos requisitos mínimos de higiene. O P. Grupeli pede “que não se deixem milhares de pessoas aqui por semanas e semanas, pois não se dispõe das necessárias condições higiênico-sanitárias. Não há comida para oferecer aos refugiados. Tudo isso vai acabar numa epidemia de cólera e noutras doenças que ceifarão crianças e idosos”.
Apesar da prisão de Gbagbo, a situação dos civis em Duékoué continua incerta. “Os refugiados que residem nas vilas vizinhas estão voltando às casas, acompanhados pelos Cascos Azuis, da ONU, mas na cidade as forças de Ouattara estão fazendo controles indiscriminados entre a população, perguntando, p. ex., a que etnia pertencem: isto não quer dizer mais segurança. Ao contrário, o povo tem medo” – explica o P. Grupeli.
“Mais de 400 famílias ficaram sem casa depois dos ataques feitos no fim de março no bairro Carrefour. Essas pessoas estão na missão há diversos meses” – prossegue.
As normais atividades da missão de Duékoué foram suspensas. Os Salesianos têm uma paróquia, um centro de formação profissional, uma casa de acolhida para crianças e um cento juvenil. Eles se ocupavam além disso da população de 90 vilas rurais próximas à cidade, mas já faz três meses que não podem ir àquelas localidades. “O nosso trabalho deve ser sobretudo social. É preciso dedicar os nossos esforços a reestabelecer uma pacífica e solidária convivência”.
Atualmente as bancos do país estão fechados; a atividade econômica, parada; e é impossível fazer chegar auxílios à Costa do Marfim: só através das agências internacionais de ajuda.
As Missões Salesianas abriram um fundo de auxílio de médio e longo prazo para a Costa do Marfim.
Publicado em 15/04/2011
