Iêmen – ‘Falta de comida, remédios, água, eletricidade é já normalidade’ |
Iêmen – A situação no país e entre os Salesianos |
(ANS - Aden) – Os confrontos em Aden, no Iêmen, têm se tornado mais intensos ultimamente. De acordo com a agência Reuters, no último dia 1 de abril, rebeldes invadiram a cidade, ainda que retirando-se parcialmente em seguida, devido aos ataques maciços da coalizão liderada pela Arábia Saudita. Enquanto em Mukalla, a 500 quilômetros dali, cerca de trezentos prisioneiros escapavam graças a um assalto executado por um grupo de milicianos, em Aden um salesiano preguntava-se qual seria a melhor decisão a ser tomada.
Ele conta:
No final da semana passada, eu estava no silêncio do presbitério respondendo a vários telefonemas e mensagens no whatsApp, nos quais as pessoas indagavam sobre minha segurança e sobre a situação daqui. Muitas delas me informavam sobre o número de vítimas internadas em hospitais, descrevendo imagens de pessoas cobertas por sangue e que tiveram membros amputados...
Nos últimos dias, chegou a guerra: estradas bloqueadas, lojas e aeroportos fechados... som de explosões e tiros, além dos inevitáveis saques a estabelecimentos...
No domingo seguinte, enquanto algumas estradas estavam abertas, pude visitar o convento de freiras, que fica a cerca de 17 quilômetros de onde moro. Durante o percurso, vi ruas bloqueadas e pessoas armadas controlando cada veículo que passava ... Ao chegar no convento, celebrei a missa para as irmãs na capela do convento e fizemos uma procissão... com apenas seis pessoas!
Ontem à noite (31 março), uma granada atingiu o internato que havíamos abençoado recentemente. Nenhum dos enfermeiros ficou ferido, mas todos foram transferidos para um hospital. Eles costumavam vir à nossa igreja para rezar o terço todos os dias.
Na noite do dia 1 de abril, cerca de 600 pessoas retornam para a Índia enquanto estava sendo aguardado para o dia seguinte, 2 de abril, outro navio, uma vez que o governo indiano e do estado de Kerala convocaram todos os indianos para que retornassem, enquanto a ONU solicitou ao Sri Lanka e à Etiópia que evacuassem seus cidadãos.
Todavia, as Missionárias da Caridade decidiram permanecer aqui até o final. Se a minha missão é para elas, terei de permanecer com elas. As três igrejas agora são apenas edificações. A maioria dos fiéis já encontram-se em outro lugar.
Nesse momento (da entrevista) estou um pouco confuso; não sei se fico com as Missionárias da Caridade, ou se retorno para a Índia para regressar aqui depois, quando os problemas estarão resolvidos. Eu não posso adivinhar, nem ninguém pode me dizer, o que acontecerá no dia de amanhã. De qualquer forma, passarei esta noite em oração na nossa capela.
Certamente, confio na proteção de nossa Mãe celeste.
Publicado em 02/04/2015