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RMG – A «autobiografia» do P. Cimatti |
Devido à recente ostensão da Síndone, é alto no Japão o interesse por esse antigo linho. O P. Compri, que já escreveu um livro sobre a Síndone, contactado por uma importante casa editora interessada numa nova edição, fez-se a si mesmo apenas uma pergunta: se os primeiros livros escritos no Japão sobre a Síndone são de 1936 e 1949, quem foi o primeiro a falar dela e a divulgar?
O P. Compri deparou-se neste ano, no arquivo da casa salesiana de Valsálice, com uma centena de cartas inéditas do P. Cimatti. As cartas são quase todas endereçadas ao amigo e colega de ordenação sacerdotal, P. Antonio Tonelli, que, junto com o P. Noguier De Malijay Noël, também em Valsálice naqueles anos, era um conhecido apaixonado e estudioso da Síndone. Certamente o P. Cimatti, ao cartear-se com ele, herdou, como o atestam as cartas achadas, a paixão pela santa mortalha.
Dois anos depois da sua chegada ao Japão, o P. Cimatti escrevia, em 4 de abril de 1928 ao P. Tonelli, que lhe mandasse santinhos. Em 6 de junho de 1928 insiste: “Mande-me santinhos da S. Síndone: agora tenho um jornalzinho mensal e pode-se torná-la conhecida, com vantagem para as almas”. O citado “jornalzinho” era o mensário “Dom Bosco”, iniciado em 24 de maio do mesmo ano e que ainda hoje se publica no Japão com o título “Vida Católica”, a revista católica mais conhecida no Japão. No dia 4 de julho agradecia pelos santinhos recebidos. Note-se que os santinhos da Síndone nesse período eram os que fizera em 1898 Secondo Pia, com explicação em francês. Para a exposição de 1931, Giuseppe Enrie, por mandato da Real Casa Sabóia, fotografou a Síndone, dando dela novos e mais detalhados pormenores.
Por ocasião da ostensão de 1931, o P. Cimatti escreveu no número de julho do “Dom Bosco” um artigo de fundo. Esta foi a primeira apresentação da Síndone feita no Japão. O nome japonês com que atualmente se indica a Síndone não existia ainda, e o P. Cimatti procurou cunhar um, cujo sentido fosse o de “linho fúnebre ou mortalha”, mas que se deveria ler “Síndone”. Uma novidade!
A paixão do P. Cimatti atesta-se também por outros episódios. Durante a exposição de 1933 o seu aluno Giuseppe Grigoletto escreveu um hino sobre a Síndone e pediu ao P. Cimatti que lhe musicasse a letra. No dia 10 de julho, respondeu: “Para o seu hino? Fi-lo com muita alegria como uma pequena homenagem a Jesus. Seus alunos poderão cantá-lo. Me parece popular. Não tenho a veleidade de que apareça. Se depois isto puder servir para que alguém louve a Jesus Cristo, ótimo!” E na carta de 12 de agosto, escreve: “O seu hino é bonito, a minha música mais bonita e aqueles que os cantarem louvarão a Deus, que é uma coisa ainda mais bonita”.
Depois que o ‘Cavaliere’ G. Bruner, de Trento, em 1934, baseando-se nas fotos de Enrie, fez uma imagem do rosto de Jesus semelhante ao da Síndone, o P. Cimatti – antes e depois da segunda guerra mundial – mandou buscar várias vezes um certo número de exemplares, tornando-se assim o seu divulgador no Japão. Destribuía-os pessoalmente levando-os também às livrarias católicas, de Tóquio.
Publicado em 14/07/2010