Haiti – 30 dias depois |
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Apesar da situação a que está forçado, o salesiano demonstra uma grande força, típica dos padres de fronteira, habituados a lidar com a pobreza, a violência e a injustiça social. O seu pensamento voa para os cerca de 300 meninos de rua que se encontravam no edifício escolar dos salesianos, no bairro Salina, de Porto Príncipe, em Haiti, na hora do terremoto.
O número é incerto, porque, é claro, na rua o grupo não se conta. E o terremoto não faz exceções. Ali, os jovens tinham um acolhida e a possibilidade de esperar por um futuro melhor: reparar-se das insídias da rua, estudar e aprender um ofício, como se faz nas escolas salesianas espalhadas por todo o mundo.
Nas ‘Pequenas Escolas do Padre Bonhen’, animadas pelos Salesianos, o silêncio é espectralmente fantasmagórico. Os jovens e o Sr. Sanon, que com eles perdeu a vida, já foram sepultados numa fossa comum, perto da escola. Entre as ruínas, páginas de cadernos levemente movidas por um vento quente, cadeiras, canetas de cor, fichas que o terremoto lançou por terra em meio ao pó, em meio às pedras.
Ruínas sobre ruínas. Confusão de andares eversivamente desfeitos. Pelos muros de proteção esboroados entra quem quer e leva de tudo: o estoque de copos de papel, cadeiras quebradas, botas abandonadas, aquelas folhas de papel. No frenesi, passa-se por cima daquilo que parecem manchas de água estagnada: “mas que se trata da gordura deixada pelos cadáveres” – precisa o P. Pierre Lephène, salesiano da comunidade de Enam –. “Bastaria refazer o muro para evitar tanta invasão e para aumentar a segurança, sempre e por demais pouca nestas circunstâncias”.
O governo do Haiti foi ferido em si mesmo: muitos ministros morreram no terremoto. E o palácio presidencial desabou completamente. O Presidente dos EUA, Barak Obama, confiou as primeiras medidas à limítrofe República Dominicana. E, entrementes, a prioridade deverá orientar-se para o fornecimento de ajuda alimentar e sanitária.
“Nesta tragédia – continua o P. Lephène – comove-nos a solidariedade que chega de todo o mundo”. Trabalha na escola dia e noite um poderoso grupo da proteção civil, vinda de toda a América Latina, esperando poder ainda encontrar sob as ruínas alguém. Vivo ou morto.
Há braços alevantados para conseguir a ração de água distribuída pelos caminhões que percorrem uma cidade movimentada, atordoada também pelo fragor dos aviões e dos helicópteros. Há tendópoles improvisadas aos lados das ruas, enquanto, apesar de tudo, os salesianos continuam no seu trabalho, sem nunca esquecer da capacidade de sorrir também em meio a tragédias como essas.
Na seção áudio do sítio de ANS está disponível uma entrevista radiofônica, em italiano, com Alessandra d’Asaro, para a `Agenzia Italiana Risposte Emergenze` (AGIRE).
Publicado em 20/01/2010