Vaticano – Um salesiano entre o Papa e Rouhani |
Itália – ‘Há que usar as armas da misericórdia e do diálogo’ |
Irã – Uma viagem para a cultura do encontro |
(ANS – Roma) – Um diálogo concreto e sincero, que não se confunda com a retórica ‘buonista’, mas que seja veículo de conhecimento, atenção, respeito. É o que pretende favorecer Dom Enrico dal Covolo SDB, Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense (PUL), graças à colaboração com a Universidade das Religiões, de Qom, no Irã.
O bispo salesiano tratou disso numa entrevista ao jornal “La Repubblica”.
“A universidade não pode ser um 'hortus conclusus' ou um olhar o mundo desde um 'castelo de vidro', segundo a feliz expressão do Santo Padre Francisco – explica Dom dal Covolo –. A universidade por sua natureza é encontro de horizontes culturais diversos e não necessariamente conciliáveis. O problema é que o diálogo pode se tornar retórica ‘buonista’ quando quem dialoga não tem ideia de quem é e de qual história provenha. Pode acontecer como no dueto canoro,onde um deles começa a cantar e se dá conta de que não tem voz. Fora de metáfora, estou a falar do ocidente que 'não se ama a si mesmo', como se expressou o então Cardeal Ratzinger, numa conferência de 2004 e que com frequência confunde diálogo com condescendência cultural”.
O acordo entre PUL e Universidade de Qom prevê em síntese o intercâmbio de professores e alunos,prática já iniciada, e momentos de reflexão comum, como se fez no passado dezembro, com uma mesa-redonda sobre o tema da misericórdia.
No mundo acadêmico de Qom o salesiano pôde relevar grande interesse pelo Cristianismo e a Igreja Católica. “O seu desejo de compreender-nos e encontrar-nos se me afigura amplo e sincero” – manifesta o Bispo, desejando igualmente que tal diálogo, “vital para a paz e a concórdia”, seja sustentado pelo reconhecimento das autoridades leigas, “tornando a levar as religiões, e portanto, a Teologia, às universidade estatais”.
O encontro entre Igreja e Irã toma assim forma num recíproco movimento: “a ideia de «Igreja em saída», penso, reencontre um desejo que é também do Irã, não só das elites políticas e culturais mas também do povo: tornar-se um país moderno, aberto e disponível, um Irã «em saída». Seria belo se este anseio recíproco de encontrar-se assumisse forma num convite oficial, a fim de que o Papa visitasse a República Islâmica do Irã” – concluiu o Reitor Magnífico da PUL.
Publicado em 28/1/2016