(ANS – Roma) – “Os Salesianos mostraram com os fatos que, apesar das muitas dificuldades, só a doação e o amor puderam vencer o ebola, puderam vencer a morte, ainda quando quem amava morresse!”. Foi quanto disse numa entrevista a ANS o P. Nicola Ciarapica, nestes dias em Roma para a VIII Corrida dos Santos, de apoio ao Projeto “Órfãos do ebola” da ‘Fundação DOM BOSCO NO MUNDO’, para o futuro dos jovens da Libéria no pós-ebola.

Por Andrés Felipe Loaiza, SDB

Como vê o futuro para os jovens da Libéria?

O futuro já não era tão brilhante antes:poucas as oportunidades dignas de trabalho, de ter um salário com que casar e levar uma vida decente. O futuro continua incerto. Preocupante. Há necessidade de espírito de iniciativa, de ser menos passivos no modo de viver. Há necessidade de dar formação de base,qualificação e profissionalismo. Há a necessidade de criar mais possibilidades de emprego. E tudo isso para não continuar bloqueados nessa situação.

De que modo o Projeto ‘Órfãos do Ebola” da Fundação DOM BOSCO NO MUNDO ajudará os pequenos e jovens da Libéria?

Ajuda, porque cria envolvimento. Muitos serão convidados a fazer uma caminhada juntos para acompanhar os rapazes, as crianças, os jovens da missão. Queremos criar, com tantos riachos, um rio com que ‘stopar’ a emergência e garantir alimento, educação, acesso à saúde para os que – por causa do vírus ebola – perderam os pais ou alguém que deles cuidava; queremos ajudar os filhos de mães-solteiras. É preciso ajudar esses jovens que se encontram em maiores dificuldades eprepará-los para a vida.

De que modo se pode viver o carisma salesiano em tais situações de emergência?

Os Salesianos na Libéria e Serra Leoa receberam de Dom Bosco um suplemento de coragem e criatividade. Abandonamos, em parte, todo o plano de trabalho que tínhamos feito: ordenações sacerdotais transferidas, ano letivo, atividades de oratório, formação de aspirantes… Tudo foi refeito. Na prática os Salesianos purificaram a fé (…), não tanto no sentido de que “preciso de Deus”, mas para manifestar o nosso desejo de Ele.

´Foi preciso não matar a esperança. Quando os auxílios ainda não decolavam, um grupo de 40 animadores salesianos organizou-se para informar, prevenir, distribuir material sanitário, comida às famílias, às pessoas em isolamento, acolher os sobreviventes… Foi um modo de viver a esperança. E certamente isso dizia: “Nem tudo acabou; antes, há ainda quem creia na vida!”.

Os Salesianos mostraram com os fatosque apesar de tantas dificuldadessó a doação e o amor puderam vencer o ebola, puderam vencer a morte, ainda quando quem amava morresse!”. Nessa situação de emergência os salesianos tiveram de reinventar a sua ação particular, do momento.

A abetura do Ano Santo se aproxima. Que significa viver a ‘Misericórdia’ perante a realidade como a epidemia do ebola?

As palavras “fazer-se vizinho, caminhar juntos, partilhar os pesos, doar-se com amor…” são palavras que deveriam tornar-se, cada vez mais, vida! E aprender de Deus que dá o primeiro passo, que deseja a vida. Aprender de Cristo e do Espírito, que dão a coragem de vencer os medos; que dá força, cura, restaura com a vida que leva à alegria… Todos elementos que na prática nos fazem viver a misericórdia.

Publicado em 30/10/2015