(ANS – Manouba) – “Gestos como o de ontem são apenas ações criminosas. E nada têm a ver com a religião. Toda a população deplora o que se cometeu e são muitos hoje que dizem ‘Je suis Bardo’, porque o que foi atingido foi um local símbolo da cultura tunisina. E todos se sentem ultrajados”. É o testemunho dos Salesianos, presentes num subúrbio, nos arredores da Capital, Túnis, a 24 horas do atentado que levou a vida de 23 pessoas.
Por Gian Francesco Romano
“Exprimimos a nossa solidariedade às famílias das vítimas, nós como Salesianos. Mas também em nome de toda a população, que não se identifica absolutamente com tais gestos. Antes, o povo teme também pelo turismo, grande recurso para o país. Um feio abalo para todos” – prosseguem os Salesianos, que em Manouba, junto com o oratório-centro juvenil, levam avante uma escola com 800 alunos, todos muçulmanos.
Na Casa salesiana ontem foi um dia quase normal, não fosse pelas notícias transmitidas pela mídia. A escola está em pausa por férias de primavera e os alunos partecipam das atividades lúdico-esportivas que são levadas à frente pelos animadores de mais idade.
Nem ontem, nem hoje, respirou-se medo na Casa de Manouba, referem os religiosos: “Tinhamos ontem como visitantes alguns alunos de uma Escola de religiosas, desenvolvendo as atividades regularmente. Só na sua volta tiveram alguma dificuldade ao atravessar a cidade. Mas nenhum outro problema. Nós não nos sentimos ameaçados e também a Polícia nos disse de ficar tranquilos”.
Por outro lado, a educação católica é muito apreciada e respeitada no país. Tal como a escola salesiana, também as demais instituições educativas da Igreja presentes, oferecem um serviço caracterizado pela qualidade e o profissionalismo. “Não só todos os alunos mas também todos os nossos funcionários são muçulmanos. Como Filhos de Dom Bosco sabemos que a educação é obra do coração e com esse espírito nós nos empenhamos pelos jovens” – explicam os Salesianos. E acrescentam que não há necessidade de falar explicitamente de diálogo e respeito das diferenças, “porque a mensagem se passa por si, na cotidianidade da vida da escola”.
Publicado em 19/03/2015