Nigéria – Solidariedade fornece uma panificadora em Ibadan |
RMG – Os Salesianos na Nigéria - 2 |
Espanha – Alta tensão e medo na Nigéria |
(ANS – Roma) – Um país ainda com problemas de violência em algumas áreas do seu território, mas também um “gigante” em profunda transformação, com grandes possibilidades à sua frente. Assim descrevem a Nigéria os salesianos P. Silvio Roggia,Vigário Inspetorial da Inspetoria da África Ocidental Anglófona,e o Sr.Paolo Vaschetto,Ecônomo em Ibadan.Eis a primeira parte da sua entrevista, centrada nos fatos de crônica mais recentes.
As casas salesianas, no centro-sul do país, podem considerar-se fora de perigo?
P. Roggia:Acho que sim. Até agora não temos tido problemas de segurança, pelo menos não mais de quantos os tenha todo o povo: pequena criminalidade, roubos… Mas não há por que se angustiar. Não se ‘sente’ nenhuma situação de medo.
Do que depende a atual situação de violência terrorística?
P. Roggia:A violência depende de um ‘mix’ de fatores,infelizmente todos mui perigosos:um é certamente o fundamentalismo islâmico,que entretanto sabemos ser estimulado desde fora;depois se devem considerar os temas econômicos e de poder.O petróleo é uma riqueza enorme, mas nunca foi partilhada à população: e esta seja talvez uma das raízes distantes do problema.
Sr.Vaschetto:Pode também dar-se que contribua um fator geográfico:há anos,quando na Presidência estavam personalidades do Oeste e do Norte do país,havia no Sul muitos sequestros,enquanto que o Norte era mais tranquillo;agora que o Presidente é do Sul,terminaram os sequestros,mas no Norte assistimos a esses fenômenos.E em 2015 haverá de novo eleições presidenciais.
Igrejas e escolas estão entre os objetivos preferidos de Boko Haram. O que se pode fazer para continuar a educar os jovens?
P. Roggia:Fazem de propósito para ‘fazer notícia’: o terrorismo sempre busca usar essas táticas.Depois, são objetivos fáceis: não se pode pretender que todas sejam custodiadas. Mas não só igrejas e escolas: também quartéis, postos de polícia e tudo quanto possa enfraquecer o governo. Para Boko Haram, pois, tudo o que tenha por trás uma influência ocidental, vira objetivo. E não se trata de um fenômeno de massa: são ações de terroristas.
Que fazer? Para o Norte é difícil: essas comunidades são muito provadas... É mártir essa Igreja… Muitos cristãos se evadiram. No Sul, ao invés, trata-se de fazer um bom trabalho de catequese, porque há um grande proselitismo por parte das seitas.
Que diriam às mais de 200 jovens raptadas aos seu caros?
P. Roggia:É difícil...São tragédias que não se podem reparar; além de ter-se uma sensação de impotência. Por certo, trabalhar pela educação é uma resposta a longo prazo, sobre o que vale a pena investir. E é talvez uma resposta também a Boko Haram que quereria exatamente um “não” cabal à educação ocidental, ou à educação em si. Mas trata-se ao invés de dizer um “sim” à educação. Sobretudo das jovens.
Sr.Vaschetto:Essas jovens tiveram a grandeza de acreditar na educação:estavam na escola quando foram aprisionadas: acreditavam na educação.Agora a solução não se sabe quando chegará, apesar da boa vontade de muitos. Aguardamos e rezamos. Espero entretanto que também esta situação sirva para acender os refletores sobre outras problemáticas mais amplas, como o das meninas raptadas para serem dadas em casamento, como os matrimônios forçados, mui difundidos em toda a África Subsaariana, como a violência doméstica contra as mulheres.
A segunda parte da entrevista, a ser publicada nos próximos dias, oferecerá uma panorâmica acerca das promissoras perspectivas do país e da realidade juvenil.
Publicado em 16/05/2014