(ANS - Turim) - Padre Ferdinando Bergamelli, Professor Emérito da Patrologia, conheceu o Venerável padre Giuseppe Quadrio, durante o período de sua doença (1960-1963). Atingido por um linfogranuloma maligno, padre Quadrio suspendeu todas as suas atividades, incluindo o ensino da teologia, para alternar longos períodos de internação hospitalar com breves momentos de presença na comunidade do Instituto Internacional Dom Bosco em via Caboto, Turim. Seus restos mortais foram transladados, no último sábado, 10 de novembro, para a igreja pública do instituto onde ele ensinou durante vários anos.

Quais são as suas lembranças do padre Quadrio?
Eu o conheci quando ainda era estudante de teologia na Crocetta e costumava visitá-lo com frequência no hospital para ajudá-lo, muitas vezes eu me ofereci para doar sangue. Sempre que ele voltava para a comunidade eu o visitava em seu quarto e, quando ele se sentia melhor, gostava de prestar o ministério da confissão para mim e para outros. Durante esse período nasceu uma verdadeira amizade. Eu costumava confiar a ele meus segredos, as minhas dificuldades, minhas dúvidas e minha ansiedade. Ele, sempre calmo, sereno, sorridente, respondia a tudo com breves palavras que me devolviam a paz e serenidade. Nunca me esquecerei daquela indefinível sensação de calma, felicidade e de sereno abandono à Vontade de Deus que sempre sentia quando deixava seu quarto.

Qual é o significado mais profundo e o sentido que teve, em sua vida, o lema "Docibilis do Espírito Santo"?
Na época do Pentecostes de 1944, ele escolheu esse nome. "Docibilis" tem um significado maior e mais profundo do que "docilis" porque expressa uma disposição, habitual e adquirida, para ser constantemente guiado pelo Espírito. Para o Venerável se trata de uma atitude espiritual a "dizer sempre Sim", como ele escreveu em seu diário, à inspiração do Paráclito. Padre Quadrio, em seu diário espiritual, usa outro sinônimo curioso, um neologismo criado por ele e que não existe no dicionário Italiano: "suasibilità". Esse termo expressa a vontade interior de se deixar persuadir pelos sussurros do Espírito. Expressa, como a "docilidade", a nossa adesão livre e responsável. De fato, é apenas o demônio quem possui, enquanto o Espírito de Deus solicita constantemente nossa colaboração determinada e convicta.

O senhor esteve presente no funeral do Venerável e, depois de 49 anos, no reconhecimento de seus restos mortais. O que o tocou nestas circunstâncias?
Eu estava presente no momento de sua morte ocorrida perto das 22h20min e ainda guardo, como um tesouro precisoso, um pequeno caderno, no qual escrevi: "23 de outubro de 1963. Padre Quadrio morreu! Um sacerdote santo e heroico! Tive a sorte de assisti-lo dois dias antes de sua morte... Também o vi morrer! Que lição! Um sacrifício cruento! Que ele agora, no céu, ore ao Senhor para que me torne um padre como ele, santo, bom e docemente gentil com todos." Depois de sua morte, todos nós na Crocetta o considerávamos um "santo".
E agora estou aqui para a exumação de seus restos, que aconteceu na manhã de 17 de setembro do Cemitério Geral de Turim. Vivi uma emoção forte e particular, porque eu estava na mesma posição em que me encontrava há 49 anos, quando olhava, com lágrimas nos olhos, o caixão do padre Quadrio descer no túmulo e ser alocado no nicho. 19. Eu nunca teria imaginado que, passados 49 anos, naquele mesmo lugar, eu teria visto aquele caixão sair do sepulcro! Outro momento de muita emoção foi quando, nos subterrâneos da Basílica de Maria Auxiliadora, foi retirada a tampa do caixão de zinco. Uma vez que o túmulo estava cheio de infiltrações de água, imaginamos que a umidade teria deixado o corpo em um estado lamentável. Porém, assim que a tampa foi levantada, apareceu o rosto do Venerável ainda intacto, branco, pálido, mas com um leve sorriso nos lábios. "É ele!", Sussurrei, com a voz rouca pela emoção. Nem todo o tempo passado se atreveu a desfigurar aquele rosto que sempre acenou sorriso!

Na sua opinião, qual é a maior mensagem que o Venerável padre Quadrio nos deixou?
Padre Quadrio não foi um santo extraordinário, cercado por eventos excepcionais, ou visões místicas. Ele fugia instintivamente dos fenômenos extraordinários místicos, como visões, aparições, milagres... Ele gostava do cotidiano, do trabalho, e podemos, com razão, definir que ele era "extraordinário no ordinário", extraordinário no cumprimento fiel e exato de seus deveres cotidianos, vivendo plenamente e perfeitamente o momento presente. O Venerável deixa uma mensagem atual para os nossos tempos: o Espírito Santo sempre cumpre maravilhas de santidade quando encontra a porta aberta daqueles que estão sempre prontos para sua inspiração divina, como foi aquele que quis ser chamado de "docibilis do Espírito Santo".

Postado em 15/11/2012