RMG – 75ª Assembleia Semestral da União dos Superiores Gerais |
Itália – Justiça, culturas e Sínodo Africano |
Itália – Justiça e culturas – a Vida Consagrada se questiona |
O dominicano, baseando-se em mais de vinte anos de experiência no mundo muçulmano, tratou do tema “Vida religiosa e diálogo inter-religioso”, ressaltando particularmente o aspecto da “vida fraterna em comunidade”. O P. Pérennès, considerando como as comunidades religiosas podem ficar por vezes desligadas do mundo que as circunda, porque, quem sabe, “se empenham por reproduzir, no outro lado do mundo, hábitos de vida mui alheios ao ambiente em que vivem”, propôs, como um primeiro passo para qualquer abordagem inter-religiosa, “sair do acampamento”. Esse passo não é uma renúncia à própria identidade, mas o primeiro pressuposto para um diálogo: ter clara a própria identidade.
É necessário evitar – acrescentou o P. Pérennès - duas atitudes opostas: a competição com outras crenças presentes no território e o “subestimar a alteridade com o outro”. “A experiência do encontro das culturas e das religiões é ao mesmo tempo uma experiência de enriquecimento e de despojamento; e o enriquecimento não se dá sem o despojamento” – disse o dominicano.
Concluindo, o P. Pérennès lembrou a importância da oração pessoal, da frequentação da Palavra de Deus e de uma “formação intelectual e teológica que esteja à altura dos desafios deparados” com que preparar missionários eficazes no diálogo inter-religioso. Preciosa é a compreensão das outras culturas que as Congregações desenvolvem através das Universidades e dos Institutos a isso dedicados.
Coube ao Ir. Anthony Rogers FSC concluir o primeiro dia da Assembléia com uma relação intitulada: “Culturas e justiça: um passo adiante para a missão da Vida Consagrada”. “A missão é algo mais que a comunicação de palavras e fatos. É ao invés comunhão e transmissão de visão moral e ética”, que “começa como missão ‘ad gentes’ e se torna a seguir missão ‘inter gentes’. O Ir. Rogers, partindo da consideração de que “a perspectiva racional-científica se tornou a única ideologia dominante para o bem-estar da pessoa humana e para a gestão da sociedade hoje”, apresentou um projeto alternativo para o século XXI: “o nosso futuro se apoia na articulação de uma visão da humanidade que é a um só tempo holística e ecológica. Ela se refere a toda a pessoa, a todos os povos e à totalidade da natureza”.
O segundo dia da Assembléia semestral foi aberto pela relação do P. Gerard Chabanon MAFR: “Intuições e pistas de caminhada para a Vida consagrada”, relativamente ao recente Sínodo Africano. Referindo-se à realidade desse continente, observou como, em primeiro lugar, “a vida consagrada deva empenhar-se em buscar modos de presença que reforcem a sua credibilidade”.
Relembrou a seguir o missionário, o belo exemplo do projeto intercongregacional para o Sudão do sul, coordenado pela USG-UISG, onde operam 21 religiosos de 12 Institutos. Sublinhou além disso que o diálogo inter-religioso e intercultural na África “não é reservado apenas aos especialistas”, mas que “está sendo praticado na vida cotidiana por numerosas famílias cristãs que vivem sob o mesmo teto e têm a mesma cozinha dos seus irmãos e irmãs muçulmanos”; e por isso “os religiosos têm uma responsabilidade no acompanhamento desse diálogo de vida vivido pelos cristãos na vida cotidiana”.
Publicado em 26/11/2009