A situação no Equador era já confusa desde o princípio da manhã, às 7, quando o Presidente Correa se confrontou com um grupo de polícias descontentes (o corpo de Polícia formado por 40.000 elementos) e com vários manifestantes da força aérea – que tinham encerrado o aeroporto – descontentes com uma lei que reduz as regalias das categorias.
“Desafio-vos a tirar-me a vida”, disse o Presidente Correa, que em resposta recebeu vários empurrões e o lançamento de gaz lacrimogéneo na face. Escoltado pelos seus guarda-costas, Correia tentou sair do meio da multidão, mas foi agredido e um dos seus guarda-costas ficou ferido quando tentava impedir a sua transferência forçada para o hospital da Polícia, onde o Presidente esteve retido desde as 21:00 (hora local) até à sua libertação pelo Exército.
A União das Nações Sul-Americana (UNASUR), de que Correa é Presidente pro tempore, e os seus outros membros, tomaram posição em defesa da democracia. Alan García, Presidente do Peru, foi dos primeiros a declarar o dever de manter e defender a ordem democrática; Evo Morales, Presidente da Bolívia, fez declarações idênticas, e todos defenderam que situações como esta não se repitam. Também a Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou o seu apoio ao Presidente Correa, a fim de que no Equador se respeite a democracia. Apoio ao Presidente eleito do Equador chegou também do México e dos Estados Unidos.
Uma vez regressado ao “Palazzo de Carondelet”, sede do Governo, o Presidente agradeceu a todos os que o defenderam e em particular ao Exército pela sua libertação. Sublinhou que a Polícia foi vítima de uma má informação e considerou o episódio uma conspiração premeditada pelos seus opositores.
Em todo o caso, a tensão continua alta no país, porque o Presidente Correa acusou Lucio Gutiérrez, seu principal rival político, de ser o cabecilha da revolta, e as negociações sobre os vencimentos dos polícias é sempre difícil.
Publicado em 01/10/2010