(ANS - Cidade do Vaticano) - O sacerdote salesiano recém-ordenado, padre Pierre Jabloyan, de Aleppo, foi um dos três jovens religiosos que puderam fazer perguntas ao Papa Francisco, na manhã de ontem, 17 de setembro, durante a audiência concedida a cerca de 5.000 jovens consagrados reunidos em Roma nestes dias para celebrar o Ano da Vida Consagrada.
por padre Ivo Coelho,
Conselheiro Geral para a Formação
O padre Jabloyan pediu ao Papa que falasse sobre sua própria vocação. O Papa, porém, surpreendeu a todos respondendo com uma pergunta: "De onde você é?" - Uma forte emoção tomou conta da sala quando o salesiano relatou ser sírio.
Pouco antes, Guido Errico, SDB, enviara uma nota ao Papa avisando que, entre os participantes, encontravam-se vários jovens salesianos da Síria. O Papa, então, começou seu discurso assinalando essa presença e mencionando os mártires de nosso tempo. "Gostaria de começar lembrando nossos mártires do Iraque e da Síria, nossos mártires hoje. Talvez vocês conheçam alguns deles ... Há poucos dias, na praça, um sacerdote iraquiano aproximou-se e me entregou uma pequena cruz: era a cruz do sacerdote que foi decapitado por não negar Jesus Cristo. Esta cruz, a trago aqui comigo ... ", disse o Papa, indicando seu coração com a mão.
Em seguida, o Pontífice respondeu amplamente às questões colocadas pelo padre Jabloyan e por duas outras religiosas, mencionando três palavras-chave: profecia, proximidade e memória.
“A profecia e a capacidade de sonhar representam o oposto da rigidez. A formação precisa incentivar a capacidade de sonhar. A rigidez é uma forma de egoísmo e Jesus tem palavras duras (Mt 23) para as pessoas rígidas de seu tempo, que se consideravam mais justas do que outras. Outro grande pecado da vida comunitária é a incapacidade de perdoar. E as fofocas”, completou o Papa, “tornam difícil perdoar. Fofoca é como o terrorismo - disse ainda- porque é como jogar uma bomba sobre o bom nome de outros.”
Ao falar sobre proximidade, o Papa agradeceu às religiosas por seu testemunho e definiu-se como "um pouco feminista ", comentando que as religiosas são os ícones da maternidade da Igreja e de Maria e dizando que elas nunca devem negligenciar a sua maternidade, uma ótima maneira de Levar Cristo e a Igreja às pessoas.
Sobre a memória, enfim, o Papa observou que os primeiros discípulos nunca esqueceram de seus primeiros encontros com Jesus. E recordou que, em 1953, entrou em uma igreja, fez sua confissão e saiu mudado. O que o fascinava em Jesus? A sua proximidade: Jesus nunca o deixou sozinho, nem mesmo em seu pecado.
Para concluir, o Papa comentou mais dois temas: o narcisismo e a adoração, definindo um como o oposto do outro; os consagrados - disse ele - devem aprender a adorar, e não apenas a orar.
Publicado em 18/09/2015