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24/7/2015 - Brasil - Faleceu o Padre Casimiro Beksta, uma vida dedicada à cultura indígena
Fotos do artigo -BRASIL – FALECEU O PADRE CASIMIRO BEKSTA, UMA VIDA DEDICADA À CULTURA INDÍGENA

(ANS – Manaus) – Faleceu no início da noite de 21 de julho, no hospital da UNIMED, o padre salesiano Casimiro Beksta, aos 92 anos de idade. Nascido na Lituânia em 22 de maio de 1924, Casimiro Beksta chegou ao Brasil na década de 50, quando foi transferido para São Gabriel da Cachoeira, no extremo norte do Estado do Amazonas. “Era o último dos grandes missionários de Manaus entre os indígenas” – comentou o P. Natale Vitali, Conselheiro para a Região Salesiana América Cone Sul.

Conviveu com diversas tribos indígenas que habitavam aquela região, deu início a uma respeitada carreira de documentarista, escritor, linguístico, intelectual, militante dos movimentos indígenas. Sua militância o levou a coordenar a Pastoral Indigenista da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), transformando-o numa das figuras principais na criação do Conselho Indigenista Missionária (CIMI), ocorrida na década de 70.

O P. Casimiro Beksta lecionou no Centro de Estudos do Comportamento Humano (Cenesch), de Manaus (AM), ministrando aulas no Curso de Ciências Sociais por mais de 36 anos.

Suas obras tornaram-se referências internacionais. Entre elas está a tradução do livro, original em alemão, “Dois anos entre os indígenas – Viagens no Noroeste do Brasil (1903-1905)“, obra do antropólogo Theodor Koch-Grunberg publicada pela FSDB e pela EDUA em 2005.

Cientista da antropologia cultural, o P. Casimiro era referência da etnografia amazônica. Mitólogo, consultor, estudioso da cosmologia indígena e fluente em idiomas nativos. Com domínio do idioma tukano, o P. Casimiro contava piadas na língua do alto rio Negro. Fluente em outros idiomas como o latim e o grego, aprendeu a falar as línguas nativas, e dialogava com os indígenas com naturalidade.

O P. Casimiro foi uma biblioteca viva para escritores, antropólogos, teatrólogos e professores, como o escritor Márcio Souza, a artista plástica Bernadete Andrade, a escritora Regina Melo, a professora de Filosofia Socorro Jatobá, a antropóloga paulista Berta Ribeiro, entre os muitos outros que o tiveram como base das suas obras.

Por mais de 20 anos, assumiu o serviço pastoral de itinerância pelas comunidades do Alto Rio Negro, em missão salesiana. Um dos desejos que P. Casimiro não realizou foi o de reeditar o dicionário de Língua Geral de Nheengatu elaborado por Ermano Stradelli (1852-1926), um clássico da etnografia amazônica, que – dizia ele – precisava de reparos, especialmente linguísticos.

Aos 18 anos, durante a guerra e perseguido pela ditadura stalinista, fugiu da Lituânia, que na época fazia parte da ex-União Soviética, e foi parar na Alemanha. Órfão de pais e muito religioso, entrou para o seminário e ainda estudante queria ir para a Índia. Através do convite de um bispo, chegou ao Brasil, pelo Rio de Janeiro, em 1950, e em dezembro de 1951 o salesiano chegou ao Amazonas.

Estudou Teologia na cidade de São Paulo (SP), no Instituto Teológico Pio XI. Ordenado sacerdote, retornou para o Alto Rio Negro onde desbravou a floresta amazônica na descoberta e convívio de aldeias e comunidades pouco contatadas e passou a morar em praticamente toda a área do alto rio Negro e afluentes, como rios Yauaretê e Tiquié, além de São Gabriel da Cachoeira.

O acervo pessoal do P. Casimiro é rico. Não são apenas anotações, mas gravações inestimáveis, em equipamento que ele sempre carregava consigo, como companheiro de viagem: estão na Inspetoria Salesiana Missionaria da Amazônia, onde residia.

Um resumo de sua vida e trabalho como salesiano na Amazônia, pode ser encontrado no documentário “CASIMIRO” sobre as missões salesianas no Alto Rio Negro, no Amazonas, e sua relação com o processo de colonização dos povos indígenas da região. O filme conta sua vida nas missões nas décadas de 50 e 60, inclusive citando ex-alunos indígenas que participaram dessa história de processo de colonização dos índios brasileiros. Dirigido por Erlan Souza e Fernanda Bizarria.

Publicado em 24/07/2015

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