(ANS – Roma) – “A Nação Argentina não pode ser, honesta e intelectualmente explicada, sobretudo na Patagônia, se não o for a par e passo com a presença dos Filhos e Filhas de Dom Bosco – este gigante italiano piemontês que o Estado Argentino e a Igreja reconhecem como Patrono da Patagônia”. Foi com estas palavras que o P. Ángel Fernández Artime, Reitor-Mor dos Salesianos, encerrou o evento realizado ontem, 18 de novembro, na Sala Aldo Moro, do Parlamento Italiano (Montecitório), onde variados oradores evidenciaram a mole de missão cumprida pelos pioneiros salesianos italianos na Patagônia e na Terra do Fogo.

Por Andrés Felipe Loaiza SDB.

“Italianos nos confins do mundo. Missionários salesianos na Patagônia e na Terra do Fogo” foi o nome do evento, organizado no contexto do Congresso Histórico Internacional por ocasião do Bicentenário de nascimento de Dom Bosco. Do encontro, coordenado pelo Prof. P. Francesco Motto SDB, participaram entre os outros, o Cardeal salesiano Raffaele Farina, Bibliotecário Emérito da Biblioteca Apostólica Vaticana, e os Deputados Dres. Paola Binetti e Gian Luigi Gigli, que partilharam sua ligação e contatos com a missão salesiana.

A primeira fala coube à Profra. María Andrea Nicoletti (Universidade Nacional do Rio Negro, San Carlos de Bariloche, Argentina, apresentando uma síntese histórica da presença dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora naquelas terras; e repercorrendo a história de alguns religiosos que com maior visibilidade trabalharam em lugares como Rio Negro, Neuquém, Chubute, Terra do Fogo, Santa Cruz, Ilhas Malvinas.

A seguir, o Prof. Nicola Bottiglieri (Universidade de Cassino e do Lácio Meridional, Itália), com uma abordagem mais literária, evidenciou o grande sentido da ação missionária: “Digamos logo que o horizonte é o lugar privilegiado para uma revelação ou, digamos melhor, o lugar onde o céu se revela”. Sublinhou o importante papel do P. Alberto Maria De Agostini, que através dos seus escritos e fotografias muito contribuiu para as pesquisas sucessivas: “Se hoje dispomos das últimas fotos dos índios desaparecidos, devemo-lo ao seu trabalho; se hoje sabemos de quanto as geleiras diminuam no final do Continente americano deve-se ao confronto entre as fotos do satélite e as que ele fez no inícios do século XX”.

A Profra. Gabriella Dionisi (Universidade de Tuscia, Itália) evidenciou a seguir a figura do P. Giovanni Bernabè, idealizador e criador de cinco escolas e 25 igrejas através da Patagônia, muitas das quais foram declarados monumento nacional pelo Governo argentino. É importante sublinhar que P. Bernabè soube conjugar o seu conhecimento da arquitetura com uma grande adaptação ao contexto e ao material disponível ‘in loco’.

Outro momento especial se teve com a leitura do II Sonho Missionário de Dom Bosco, em 1883, onde se descreve com detalhes a realidade da Patagônia. Leu partes do sonho Alexandre Vantini, ator e que recitou no filme “Ao Sul do Sul”, filme que raconta, em perspectiva leiga, uma pequena parte da missão salesiana levada a termo entre o Chile e a Argentina.

Enfim, fazendo referência à “Visita que Dom Bosco realizou pela Argentina”, o Reitor-Mor disse: “134 anos depois da primeira expedição, ou envio, dos missionários à Argentina, em 1875, o mesmo Dom Bosco ‘visitou’ a Argentina. Escrevo a palavra ‘visita’ entre aspas, porque é claro que foram as suas relíquias que no dia 18 de julho de do 2009 tocaram o Sul da Argentina, entrando pela vizinha República do Chile, através do Cabo San Sebastián, na Terra do Fogo, para ao depois no dia 19 chegazr a Rio Grande, na missão ‘La Candelaria’, hoje uma linda Escola Agrícola”.

Hoje, no Ano do Bicentenário de Nascimento de Dom Bosco, “estamos em condições de racontar uma história que foi heróica. Uma história que, pelos parâmetros do tempo, buscou somente fazer o bem àquelas primitivas gentes; uma história que tornou possível o nascimento e o desenvolvimento de uma parte preciosa da população da República Argentina: a Patagônia”.

Publicado em 19/11/2014