(ANS – Madri) – A República Centro-Africana “vive no caos porque, depois de mais de um ano de conflito, não há qualquer governo ou instituição” – disse o P. Agustín Cuevas, missionário salesiano espanhol, no encontro que manteve com os jornalistas, ontem, 6 de agosto, na sede da Procuradoria Missionária Salesiana, de Madri, Espanha. O P. Cuevas é, atualmente, Diretor da Obra salesiana, de Galabadja, em Bangui, que mantém um dispensário médico com repartição de maternidade, aberto 24 horas ao dia, no qual, desde o início do conflito, já nasceram 500 crianças.

Quando começaram os combates, em 24 de março de 2013, os missionários Salesianos decidiram ficar com a população; e quando a violência se reacendeu, no dezembro sucessivo, “recebemos em nossos ambientes uma avalanche de milhares e milhares de pessoas: foi um autêntico problema de segurança e higiene”. Em janeiro deste ano, “mais de 65.000 pessoas vieram acampar-se ali, junto à nossa estrutura de Bangui. Pudemos organizar-nos graças aos escoteiros e a uma comissão de crise que montamos com outras organizações internacionais”.

Hoje, os Salesianos em Bangui, nas obras de Damala e Galabadja, acolhem perto de 6.500 pessoas: “Damos o nosso apoio. Ninguém acredita na paz: todos os colóquios faliram. Esta crise só se pode superar com o disarmamento, a sensibilização, e com a educação dos mais pequenos a conviver pacíficamente” – disse o P. Cuevas.

O confronto dos membros de Séléka e os Anti-balaka atualmente jogaram o país no caos, na violência e na vingança entre muçulmanos e cristãos: “O fundo do problema não era religioso; mas foi manipulado e neste momento, é certo, não podem estar juntos”.

Quanto  à segurança, “a situação (atualmente) em Bangui está mais ou menos tranquila, graças à presença de forças internacionais, mas o problema está no restante do país: é uma floresta inacessível” – lembra o missionário; quem mais sofre é a população: “Ainda precisa de comida e remédios”.

O P. Cuevas passou mais da metade da sua vida na África. Já vai completar 70 anos, 42 dos quais no Continente africano, e desses os últimos três na República Centro-Africana. A obra salesiano no bairro de Galabadja é animada por quatro salesianos que mantêm um asilo com mais de cem crianças; uma escola elementar frequentada por mais de 650 crianças; uma Paróquia com Centro Juvenil; e um Dispensário médico.

Publicado em 07/08/2014