(ANS – Bangui) – A República Centro-Africana continua estagnada por entre o caos administrativo, legislativo e social. Na próxima semana completar-se-ão 16 meses do golpe de estado, dado pela coalizão Séléka. Mas o conflito, longe de se resolver, piora. Os missionários salesianos afirmam que “o país não existe: não há lei e nada funciona”. Perante os problemas cotidianos, os Salesianos na Capital, Bangui, só têm uma preocupação: “continuar cuidando da população que se refugia em nossos ambientes” – como referem numa entrevista aos cuidados da Procuradoria Missionária Salesiana, de Madri, Espanha.
Nos humildes bairros de Damala e Galabadja, em Bangui, centenas de pessoas estão há sete meses sob a proteção oferecida pelos Salesianos em suas duas obras. A maior parte dos refugiados são mulheres e crianças que fugiram da violência que explodiu na capital no dia 5 de dezembro.
Sem saber a quem recorrer, com um exército desarticulado, presos entre o fogo cruzado de dois brutais grupos armados, ‘Séléka’ e ‘Anti-balaka’, muitas pessoas buscaram refúgio nos ambientes religiosos. “Até ali não tínhamos acolhido ninguém porque estavam apavorados em suas casas” – raconta o P. Agustín Cuevas SDB, missionário há 42 anos na África, pároco em Galabadja.
Os Salesianos da comunidade de Galabadja, que faz anos se esforçam por construir nesse bairro de periferia um pequeno oásis de serviços, com uma escola e um dispensário médico, viram-se obrigados a abrir as portas e acolher a população refugiada: ali “fazemos de pais, juízes, médicos, até de polícia, para dar assistência humanitária à população” – afirma o P. Cuevas.
Nos ambientes e pátios da obra de Galabadja estiveram até 22.000 pessoas, que dormiam amontoados, também “sobre os bancos e no chão da igreja”, enquanto fora os disparos e o troar dos morteiros não cessavam.
Hoje estão umas poucas centenas de pessoas, provenientes das províncias e dos distritos que mais sofreram: “O nosso empenho continua sendo o de dar-lhes segurança e incentivá-los a retornar à normalidade da vida” – explica o P. Cuevas.
Publicado em 23/07/2014